Leitura:
Filipenses 3.4-11
4 Bem que eu poderia confiar
também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda
mais:
5 circuncidado ao oitavo dia,
da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei,
fariseu,
6 quanto ao zelo, perseguidor
da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível.
7 Mas o que, para mim, era
lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
8 Sim, deveras considero tudo
como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu
Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo
9 e ser achado nele, não
tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em
Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;
10 para o conhecer, e o poder
da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele
na sua morte;
11 para, de algum modo,
alcançar a ressurreição dentre os mortos.
RESUMO
Nos versículos anteriores, Paulo mencionou os maus
obreiros, os “cães”, os da falsa circuncisão. Agora, ele passa a dar um
testemunho sobre si mesmo, no sentido de que, caso ele quisesse, teria ainda
muito mais do que se gloriar do que seus oponentes.
4 Bem
que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode
confiar na carne, eu ainda mais
Confiar na carne aqui tem a ver com confiar na sua
própria justiça própria, do modo como têm feito os falsos mestres.
5 circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de
Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu,
Circuncidado ao oitavo dia: ou
seja, circuncidado desde criança, conforme a lei de Moisés.
Da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu
de hebreus: ele não era um mestiço, nem helenista, nem prosélito.
Quando se diz Israel, quer dizer que ele era do
povo eleito. Descendente de Abraão, Ismael também era. Descendente de Isaque,
Esaú também era. Mas foi em Jacó (Israel) que encontramos a gênese do povo
eleito.
A motivo de Paulo mencionar ser da tribo de
Benjamim não recebe concordância de todos os intérpretes, mas de modo geral, se
dá pelo fato da mencionada tribo ter um certo prestígio em Israel.
Quanto a lei, fariseu: considerado o mais
importante e zeloso partido dentre os intérpretes da lei.
6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na
lei, irrepreensível.
Quanto ao zelo, perseguidor da igreja: ele, mais do
que ninguém, chegou a odiar a igreja por achar que os cristãos estavam
desvirtuando a lei.
Quanto a justiça que há na lei: diz respeito à sua
adesão interior e observação exterior de todos os ditames da lei, conforme a
escola dos fariseus.
7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de
Cristo.
Todas essas características mencionadas por Paulo
eram imenso lucro e prestígio no contexto de Israel para aqueles dias. O
apóstolo, caso tivesse permanecido como fariseu, poderia ter prosperado em
poder, fama, bens.
Mas aquilo que era definitivamente como lucro
naqueles dias, Paulo considerou como perda.
Mas perda por causa do que? Perda por causa do
imenso amor que ele sentia por Cristo!
8 Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade
do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as
coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo
E Paulo considerava tudo como perda por amor à Cristo; não somente aquilo que ele
acabou de narrar de sua própria vida, mas também muitas coisas que ele não
mencionou.
E com que propósito ele considerou como perda? Pela
“sublimidade do conhecimento de Cristo,
meu Senhor”. Não se trata somente de um conhecimento simples, que muitas
pessoas podem ter. Cuida-se da “sublimidade do conhecimento”, algo maravilhoso,
que vai além do próprio senso comum.
Ele disse que aquelas coisas que ele perdeu, e que
eram muito lucrativas, agora ele considerava como “refugo”. Refugo tem uma melhor tradução por “excremento humano”.
Não penso que ele considerasse essas coisas como sem valor em si, mas sim que,
caso se tornem como um tipo de posição orgulhosa que se tornam barreiras entre
ele e Cristo, não passam de coisa inútil.
Tudo isso porque o mais importante era “ganhar a
Cristo”. A gente sempre falar em “ganhar as pessoas para Cristo”. Isso
ocorrido, deve surgir o desejo em cada um de nós de “ganhar ainda mais a
Cristo”. Penso que isso significa ter um maior relacionamento com Ele, nos
tornando cada vez mais amigos, parecidos com nosso Senhor.
9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei,
senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada
na fé;
A justiça da lei é a das obras, e isso implica em
justiça própria. Mas pelas obras da lei nenhum homem será justificado, pois o
que vem pela lei é o conhecimento do pecado.
A justiça que vem de Cristo nós a
recebemos pela fé. A fé é o instrumento, o meio pelo qual nos apropriamos dos
benefícios do que Cristo fez por nós na cruz.
10 para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos
seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte;
Paulo quer “o” conhecer,
entretanto, sabemos que Paulo já o conhece. Ocorre que tal conhecimento não é
estático; pode crescer a cada dia.
E o poder de sua ressurreição: em outra parte, Paulo diz que já fomos
ressuscitados em Cristo. Entretanto, ele diz que quer conhecer o poder da
ressurreição. Entendo que ele quer dizer “experimentar” em si próprio o poder
da vida sobre a morte, o mesmo poder que ressuscitou a Cristo em si.
A comunhão de seus sofrimentos: creio que no mundo moderno e nessa
época mimada, nós não damos muita atenção para esse aspecto da fé, mas Paulo
ansiava ter comunhão nos sofrimentos de Cristo. Entendo que não só sofrer por
amor ao evangelho, como Cristo sofreu, mas também ter os mesmos sentimentos que
Cristo hoje também tem por intermédio da igreja, que é o seu Corpo.
Conformando-me com ele na sua morte: Paulo quer vivenciar todo o processo pelo qual
passou Jesus Cristo. Não se trata aqui de um sofrimento redentivo, mas de um
conformar-se completamente à vida de Cristo. Para Paulo, vida cristã é união
com Cristo.
11 para,
de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.
Conforme já foi mencionado, Paulo
entendia que todos nós já havíamos ressuscitados em Cristo. Entretanto, há uma
tensão no pensamento de Paulo que alguns denominavam de “o já” e o “ainda não”.
Ou seja, nós “já” ressuscitamos em Cristo, mas também “ainda não” ressuscitamos
com ele, ou seja, é algo que já recebemos, mas que ainda não se consumou
inteiramente em nossa existência. É como se caminhássemos rumo a algo que já
recebemos.