segunda-feira, 26 de junho de 2017
Alegrai-vos no Senhor
Leitura:
Filipenses 4.4-9
4 Alegrai-vos sempre no
Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
5 Seja a vossa moderação
conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
6 Não andeis ansiosos de
coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas
petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
7 E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
8 Finalmente, irmãos, tudo o
que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
9 O que também aprendestes, e recebestes, e
ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.
Breves comentários
4 Alegrai-vos sempre no
Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
Mais uma vez a temática da alegria! Alegria “no
Senhor”, ou seja, alegria em desfrutar dessa bendita comunhão. Não há
substituto no mundo para tal alegria, e estamos a falar de alguém que está em
prisão, correndo o risco de ser inclusive condenado e morto. Mas a morte não
tem domínio sobre Paulo, pois ele até que preferia partir e estar com Cristo.
Por maiores que possam ser as alegrias desta vida, elas se empalidecem quando
comparadas à Cristo e à comunhão que podemos usufruir com Ele.
Há quem diga que a ênfase na espiritualidade cristã
não deveria estar somente na sobriedade, austeridade, seriedade. A marca da espiritualidade
cristã deveria estar também primordialmente na alegria no Senhor. Paulo nos dá
alguns conselhos práticos para nos alegrarmos no Senhor.
5 Seja a vossa moderação/gentileza
conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
Algumas
traduções trazem por “moderação”, outras por “gentileza”, ou “amabilidade”.
Segundo alguns, não há termo em português que traduza corretamente tal palavra.
O cristão tem que ser compreensivo, empático, manso, moderado para com o seu
próximo, e a razão disso é porque o Senhor está próximo! Paulo deseja que todas
as pessoas nos conheçam dessa forma.
É uma pena que constantemente sejamos
vistos mais como intolerantes agressivos e mau humorados que precisam fazer
valer a todo custo sua razão.
E a razão
pela qual cada qual deve ser comportar com fidelidade é que para nós, o Senhor
está sempre perto. Perto, porque é onipresente. Perto porque habita em nós.
Perto, porque para nós, a expectativa de sua volta é sempre eminente. Perto,
porque nossa vida é muito curta nesse mundo e logo estaremos com ele.
6 Não
andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de
Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
Ansiedade é
inquietação, preocupação demasiada, podendo até ser medo por aquilo que ainda
sequer aconteceu. A cura para a ansiedade é a oração. Por isso, devemos orar
“em tudo” que nos causa ansiedade. Nossas petições (pedidos) devem ser
conhecidas, direcionadas a Deus pelas nossas orações. Devem ser orações
específicas por cada causa que nos inquieta. Se a ansiedade, a preocupação for
grande, devemos suplicar, que é pedir reverentemente. Mas não podemos nos
esquecer de termos um coração grato, de agradecermos por tudo ao nosso Senhor,
pois o fiel entende que tudo o quanto recebe do Senhor é por sua graça e
bondade.
7 E a paz de Deus, que excede
todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
Essa é uma
das grandes marcas da vida no evangelho. A paz que excede todo o entendimento.
Mesmo diante de situações tristes, que aos olhos do mundo poderiam ser
desoladoras, mesmo desesperadoras. O Senhor, dá o dom de sua paz aos seus
discípulos. É o resultado, o efeito concreto de nossas orações diante d’Ele
(Isaias 26.3)!
Uma das
provas de que a paz que recebemos de Deus não é igual a que o mundo a dá é que
ela “guardará o nosso coração e a nossa mente em Cristo Jesus”. Coração e a
sede de nossos sentimentos, emoções. Mente aqui reflete os nossos pensamentos.
Cuida-se de uma paz tão doce que desejamos mantê-la para todo sempre.
8 Finalmente, irmãos, tudo o
que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
Aqui a nossa
contrapartida para de fato manter a paz que Deus nos dá, ocupando nossa mente
somente com coisas virtuosas. Ele nos dá uma lista não exaustiva com seis
virtudes:
Verdadeiro: buscando a verdade, seja interior e exterior, subjetiva e
objetiva em tudo o quanto faz.
Respeitável/honroso: tem que zelar por sua boa fama.
Justo: o crente tem que buscar ser justo em todas as suas relações
Puro: a busca da santidade.
Amável: afável, agradável, tudo o que evoca o amor.
Boa fama/boa
reputação: são aquelas coisas que, mesmo entre não
crentes, causa boa impressão.
Essa é uma
lista exemplificativa, pois Paulo complementa dizendo que “se há alguma honra,
ou algum louvor”, seja isso que ocupe o nosso pensamento. Isso demonstra o
valor do pensamento na manutenção de nossa paz e no desenvolvimento de nossas
virtudes. O evangelho envolve preponderantemente a nossa mente, pois o que
pensamos precede notavelmente as nossas ações, sejam elas boas ou más.
As vezes nos
esquecemos, mas o que preponderantemente parece marcar a nossa diferença das
demais criaturas nesse mundo é essa capacidade imensa para o pensamento. E essa
capacidade que nos foi dada pelo Criador é para ser utilizada para a sua
glória.
9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes
em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.
Eles aprenderam:
ou seja, se colocaram como pessoas dispostas a receber informação.
Eles receberam:
aderiram, acolheram a informação que lhes foi dada.
Eles ouviram:
prestaram atenção.
Eles viram:
perceberam que o que Paulo ensinou não ficou somente no campo teórico.
Agora, feito
tudo isso, a ordem é de “praticar”.
Novamente somos
chamados a atenção para o fato de que, aquele que ensina, deve se colocar como
modelo do que é ensinado. Ou seja, o evangelho não tem somente um conteúdo
cerebral, teórico, mas também eminentemente prático.
E aqui se
fecha o ciclo da paz que tanto almejamos: o Deus da paz será conosco!
Reflexões:
1 – O que tem
sido a maior fonte de alegria em sua vida?
2 – Como você
é conhecido (a) pelas pessoas? Moderado? Nervoso? Truculento? Intolerante?
3 – Você é
normalmente ansioso? Como faz para lidar com sua ansiedade?
4 – Do que
você tem preenchido a sua mente (Salmo 19.14)?
5 – Você
procura imitar a vida daquelas pessoas que são mais experientes que você no
evangelho? Você é um modelo para aqueles que são menos experientes?
segunda-feira, 19 de junho de 2017
Vivendo em harmonia no Senhor
Leitura:
Filipenses 4.1-3
1 Portanto, meus irmãos, a quem amo e de quem tenho saudade, vocês que são
a minha alegria e a minha coroa, permaneçam assim firmes no Senhor, ó amados!
2 O que eu rogo a Evódia e também a Síntique é que vivam em harmonia no Senhor.
3 Sim, e peço a você, leal companheiro de jugo, que as ajude; pois lutaram ao meu lado na causa do evangelho, com Clemente e meus demais cooperadores. Os seus nomes estão no livro da vida.
2 O que eu rogo a Evódia e também a Síntique é que vivam em harmonia no Senhor.
3 Sim, e peço a você, leal companheiro de jugo, que as ajude; pois lutaram ao meu lado na causa do evangelho, com Clemente e meus demais cooperadores. Os seus nomes estão no livro da vida.
Breves comentários
1 Portanto, meus irmãos, a quem amo e de quem tenho
saudade, vocês que são a minha alegria e a minha coroa, permaneçam assim firmes
no Senhor, ó amados!
Irmãos: novamente, e mesmo que aparentemente podendo
gerar redundância, Paulo se dirige fraternalmente aos seus irmãos. Não
precisamos ter medo de expressar nosso apreço com medo de que isso venha a ser
banalizado, desde que seja sincero.
a
quem amo e de quem tenho saudade: uma coisa interessante que vemos aqui é que Paulo
não tem pudores em expressar os seus sentimentos aos irmãos. É possível que a
gente passe anos e anos em companhia das pessoas e ainda assim não expressemos
nossos sentimentos.
Você tem dificuldades de dizer para as pessoas que
ama que vocês... as ama?
vocês
que são a minha alegria: a alegria
de Paulo estava no povo de Deus. Isso também demonstra o grande valor que
aquela igreja tinha para o apóstolo.
Isso
mostra que a natureza da comunidade de Deus é que ela é geradora de alegria. Alguém
deve sentir alegria ao lembrar e pensar em uma comunidade verdadeiramente
saudável.
Há
muitos que sofreram traumas demasiados em comunidades cristãs, pelos mais
diversos motivos. Isso pode acontecer inclusive em verdadeiras comunidades
cristãs; mas o ideal é que essa não seja a regra.
Você
sente alegria quando pensa em sua comunidade?
Minha
coroa: pode ser visto como um tipo
de diadema festivo. É também uma forma de honra dada a Paulo por ter, em seus
esforços, trabalhado para erigir essa comunidade. A coroa do cristão tem a ver
com a comunidade de fiéis que ele se empenhou em ganhar e edificar para o seu
Senhor. A comunidade já é a coroa de Paulo naquele momento, mas certamente, no
dia do Senhor, poderá se alegrar ainda mais que não trabalhou nem se esforçou
inutilmente (Fp 2.16)
permaneçam
assim firmes no Senhor, ó amados:
o único modo de alguém permanecer firme
no Senhor, independente da circunstância, seja em momentos de paz ou de
perseguições, é mantendo sempre firme a sua comunhão “no Senhor”. Essa expressão
significa unido a Cristo. Evangelho, no pensamento de Paulo, é estar sempre
unido a Cristo, ser somente uma alma com ele.
2 O que eu rogo a Evódia e também a Síntique é que
vivam em harmonia no Senhor.
Rogo: pedir com
insistência, suplicar, implorar. Alguns, em posição de autoridade, costumam
mandar, determinar, ordenar. Paulo roga, em um assunto um tanto quanto
necessário, qual seja, a restauração da comunhão entre irmãos.
Rogo a Evódia
– Rogo a Síntique: expressa o
cuidado pessoal que Paulo tem com cada uma delas; ou seja, as duas são
igualmente amadas pelo apóstolo.
Evódia = boa viagem.
Síntique = afortunada.
Note que Paulo sequer
menciona o eventual motivo de desentendimento entre elas. Talvez porque não
tivesse importância nenhuma. Talvez porque, em determinados momentos também não
seja mais importante saber em uma discussão quem tem razão, mas sim que as
pessoas voltem a se entender. Geralmente, em nossas discussões, quando fazemos
muita questão de demonstrar que nós estamos com a razão, podemos na verdade
estarmos querendo que o outro se dobre ao nosso ponto de vista, e não
verdadeiramente reconciliar. Parece que há os que só se reconciliam caso fique
provado por “a” + “b” que estavam certos.
Vivam em harmonia no Senhor: somente no Senhor é que se pode viver em harmonia, e não
na insistência na visão particular de cada qual. Quando discutimos e rompemos
uns com os outros, nós poderemos nos reencontrar verdadeiramente no Senhor. Não
é incomum surgirem desentendimentos no meio do povo de Deus. E as vezes tais
desentendimentos são graves, de modo que não raras vezes pensamos em pôr fim a
uma amizade, um relacionamento. Há momentos que só conseguimos reunir forças
para nos reconciliarmos “no Senhor”. Há quem diga que possa existir uma relação
“anímica” entre pessoa a pessoa. Entretanto, uma relação verdadeiramente
espiritual, somente “em Cristo”, quando Ele é o intermediário de cada
relacionamento que tivermos.
3 Sim, e peço a você, leal companheiro de jugo, que
as ajude; pois lutaram ao meu lado na causa do evangelho, com Clemente e meus
demais cooperadores. Os seus nomes estão no livro da vida.
Sim,
e peço a você, leal companheiro de jugo:
Paulo pede ajuda a um amigo para que elas possam voltar a se entender. O termo
“companheiro de jugo” pode se referir a um nome próprio “Syzigos”. Quando Paulo menciona “verdadeiro” ou “leal”, é como se
estivesse fazendo um jogo de palavras, assim como fez com Onésimo (que
significa “útil”), tinha sido inútil, mas que tinha voltado a ser útil, a você
e a mim” (Filemon 1).
Lutaram
a meu lado pela causa do evangelho:
veja que mesmo pessoas que lutaram pelo evangelho podem vir a se desentender.
Elas são mencionadas juntamente com Clemente e outras pessoas, e Paulo diz que
seus nomes estão escritos no “Livro da vida”. Não sabemos exatamente quem era
esse Clemente.
Alguns o associam com um presbítero que no final do século I
escreve uma epístola à igreja de Corinto para tentar resolver alguns problemas
que se apresentaram na Igreja.
Será
que Paulo tem certeza que o nome deles está escrito no Livro da Vida ou é
somente uma suposição? É possível ter certeza acerca da salvação de outras
pessoas?
Algumas
passagens bíblicas acerca do “Livro da Vida”:
Livro
da vida: Êxodo 32.32; Salmo 69.28;
Daniel 12.1; Malaquias 3.16-17; Lucas 10.20; Apocalipse 3.5; 17.8; Apocalipse
20.12-15; Apocalipse 21.27. O que é afinal, o Livro da Vida?
Deus
precisa de consultar tal Livro para saber tudo acerca dos homens?
Você
teria certeza se seu nome está arrolado no Livro da Vida?
Para
meditação:
Existe
um grupo de pessoas que você possa chamar de “sua alegria e sua coroa”?
Você
possui as características necessárias para servir de elo de reconciliação entre
as pessoas? Que características seriam necessárias?
Lembremo-nos de que somos chamados sempre a operar a reconciliação dos homens para com Deus (2 Co 5.18-20) e de uns para com os outros (Efésios 2.14-16). Os pacificadores serão chamados filhos de Deus (Mateus 5.9).
segunda-feira, 12 de junho de 2017
Do cuidado com os sensualistas
Leitura:
Filipenses 3.17-21
17 Irmãos, sede imitadores
meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós.
18 Pois muitos andam entre
nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando,
que são inimigos da cruz de Cristo.
19 O destino deles é a
perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto
que só se preocupam com as coisas terrenas.
20 Pois a nossa pátria está
nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
21 o qual transformará o nosso
corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia
do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.
Breves comentários
17 Irmãos, sede imitadores
meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós.
Irmãos: sempre o modo fraterno com que Paulo se dirige
aos seus leitores.
Sede imitadores meus e observai: Paulo
convida os seus irmãos a serem seus imitadores, não só deles, mas também dos
que andam com ele. Homens como Timóteo e Epafrodito.
Significa
que Paulo não era humilde? De modo algum. Ele mesmo já havia deixado claro que
o supremo modelo era Jesus Cristo (2.5-9). E que em outra parte ele mesmo se
declarava ser um imitador de Cristo (1 Co 11.1).
É uma
coisa pouco enfatizada hoje em dia, mas quem se propõe a ensinar o evangelho,
também tem que se colocar como modelo de conduta. De modo geral, a maior parte
das pessoas imita alguém. Poderiam escolher imitar os legalistas judaizantes.
Mas também poderiam imitar o modelo sensualista dos pagãos ao seu redor.
Mestres cristãos têm que se colocar como modelo para serem imitados, mas sempre
tendo Cristo como alvo principal. Será que temos sido modelos para as novas
gerações de fiéis que se achegam ao evangelho?
Neste
texto somos convidados a sempre observar a vida daqueles líderes que ensinam o
evangelho para as pessoas e imitar suas obras.
18 Pois muitos andam entre
nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando,
que são inimigos da cruz de Cristo.
São muitos: esses que Paulo vai mencionar que é um número
grande de pessoas que se comportam do modo como ele irá descrever, pois são “muitos”.
“Andam entre nós”: ou seja, são pessoas “de
dentro” do círculo de fiéis. Provavelmente não fazem parte mais do grupo de
judaizantes que ele já havia mencionado. Trata-se de um grupo novo.
Paulo chora ao denunciá-los: E o
apóstolo não tem nenhum prazer em mencionar a má conduta dos tais, pois segundo
ele chora por eles. Isso mostra a profunda emoção de Paulo em lidar com tal
situação. Se fôssemos traçar um perfil de Paulo, veríamos que se trata de uma
pessoa bastante intensa e emotiva. Nós também, quando soubermos do
comportamento errôneo de alguém, temos que fazer com espírito de tristeza, de
dor.
Inimigos da cruz de Cristo: Os tais
são chamados de “inimigos da cruz de Cristo”. Muito provavelmente, somente por
talvez terem algum conceito que negue doutrinariamente a eficácia da morte de
Cristo na cruz, mas principalmente por um comportamento inadequado, por viverem
uma vida ímpia. Os amigos da cruz de Cristo são os que carregam sua cruz todos
os dias, são aqueles que se consideram crucificados com Cristo, são os que
crucificaram sua carne com suas paixões e concupiscências e aqueles que
crucificaram o mundo para si. Os inimigos da cruz agem contraria e radicalmente
contra isso.
19 O destino deles é a
perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto
que só se preocupam com as coisas terrenas.
O destino dos tais: Paulo
começa a descrever o destino deles, que é a perdição (ou destruição). Em um
primeiro momento, podemos entender tal perdição como as graves consequências de
sua má vida ainda nessa existência. É nessa vida que começa a perdição de tais
pessoas. Entretanto, também haverá uma consequência de seus atos para depois
dessa vida. Alguns entendem que tal perdição/destruição tem a ver com o seu
aniquilamento. Outros, que se trata na verdade, de um castigo eterno que
assolará aos ímpios.
O deus deles é o ventre:
demonstra a ideia de que eles vivem para servir os seus apetites carnais.
A glória deles está na sua infâmia: eles se
gloriam no estilo de vida que adotaram. Talvez eles sejam motivados por
doutrinas que buscam fundamentar tal tipo de atitude.
Só se preocupam com as coisas terrenas: ou
seja, são materialistas, sensuais, apegados à fama deste mundo, entre outras
coisas. Em outra parte, Paulo diz que os fiéis devem pensar “nas coisas do alto
em não nas que são da terra” (Colossenses 3.1). Não se tratam de ateus com
ética, mas sim de gente religiosa e carnal.
20 Pois
a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor
Jesus Cristo, 21 o qual transformará o nosso corpo de
humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder
que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.
“Nossa pátria está nos céus”: ou seja, somos peregrinos e
estrangeiros nesse mundo. Paulo diz isso para fazer o contraste com aqueles que
se preocupam somente com as coisas terrenas. Se nossa pátria está nos céus,
significa que nesse mundo já devemos nos comportar como cidadãos celestiais. Isso
também não significa que não temos uma pátria nesta terra, entretanto, se os
interesses de ambas estiverem em conflito, nossa fidelidade deve ser em relação
ao Rei. Fato é que um cidadão da pátria celestial talvez nunca se sinta
totalmente a vontade nesse mundo.
“De onde também aguardamos o
Salvador”: o
cristão deve viver na expectativa da volta eminente de seu Salvador e Senhor.
Todos os dias temos que estar preparados para a sua volta. E a expectativa da
volta de Cristo deve fazer com que nós vivamos de maneira santa. Há pelo menos
duas atitudes erradas que um cristão pode ter em relação a esse tema da volta
de Cristo. A primeira é o de que nem
liga para tal volta, vai vivendo de qualquer jeito, de maneira desleixada.
Para esses, aquele dia virá como um ladrão à noite. Outra atitude errada seria
viver de maneira irresponsável, como por exemplo, parando de trabalhar, com uma
atitude do tipo “jogando tudo para o alto”, já que Jesus vai voltar mesmo. Continuamos
vivendo de maneira digna e justa no cotidiano de nossas existências, sempre com
uma atitude de espera e expectativa, estando preparados para a volta do Senhor.
“O qual transformará o nosso
corpo de humilhação”: corpo
da humilhação não significa que a criação é ruim, mas que esse corpo está
sujeito às consequências universais do pecado, às concupiscências, fraquezas
físicas e emocionais, enfermidades.
“para ser igual ao corpo da sua
glória”: nós
teremos um corpo igual ao da glória de Cristo. Isso será uma dádiva e tanto.
Seremos revestidos de sua glória. Alguns chamaram tal processo de “deificação”,
ou seja, sermos tornados semelhantes a ele.
segundo a eficácia do poder que
ele tem de até subordinar a si todas as coisas: é o modo como o Senhor transformará
os nossos corpos. Não importa se formos queimados vivos, se nossos corpos já se
decompuseram, ou coisa do tipo. O Senhor conhece cada partícula, cada dna, cada
fio de cabelo de cada ser humano que já passou por essa existência, e a partir
daí, revestira de glória o corpo de seus fiéis. Até então, entendemos que já há
um estado intermediário entre a morte de um justo e a ressurreição, que aguarda
a consumação desse dia.
Pelo menos três aplicações
podemos depreender desta passagem lida:
1 – Devemos sempre nos atentar
para a vida daqueles que vivem de modo digno a Palavra de Deus (Salmo 37.37).
2 – Também devemos nos atentar
para com aqueles que não vivem de modo digno do evangelho, para evitar o seu
exemplo.
3 – Devemos ansiar pela volta do
Senhor e estarmos preparados para quando isso ocorrer.
quarta-feira, 7 de junho de 2017
Obras da carne e fruto do Espírito
A menção ao fruto do Espírito se encontra
na epístola de Paulo aos gálatas, que foi escrita com o propósito de combater
os judaizantes, que sustentavam que um homem teria que ser circuncidado para
ser salvo. Nesta carta, Paulo combate o legalismo judaico, reafirmando a
verdade de que o homem é salvo somente pela fé, e não por guardar as obras da
lei (2.16; 3.1-14; 5.2). Entretanto, sempre há o risco de se interpretar mal o
evangelho da graça, achando que podem usar de maneira errônea a liberdade que
possuem em Cristo, daí, Paulo advertir nesta epístola que o verdadeiro crente
deve ter um correto relacionamento com o Espírito Santo (5.15-26).
O crente não pode dar vazão à sua carne,
mas andar no Espírito, ser guiado pelo Espírito, ter em si o fruto do Espírito,
e viver no Espírito. Vamos ver resumidamente quais são as obras da carne
mencionadas por Paulo e depois meditar no fruto do Espírito.
As obras da Carne mencionadas por Paulo podem
ser classificadas da seguinte forma:
De
cunho sexual: prostituição, impureza, lascívia.
De
cunho religioso: idolatria; feitiçaria.
De cunho social:
inimizades, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções; invejas, bebedices,
glutonarias.
De
cunho pessoal: bebedices; glutonarias.
Vejamos uma a uma das obras da carne:
Prostituição: pornea - qualquer ação sexual em troca
de pagamento. Ex: prostituição clássica; no dia a dia pessoas se envolvem por
interesses. Há quem inclua nesta concepção qualquer relação fora de cunho
sexual fora do compromisso de um casamento heterossexual.
Impureza: akatharsia – impureza de atos, palavras,
pensamentos e intenções. Atos contra a castidade. Ausência de amor. Em Hebreus
13.4, é considerado digno entre todos é o leito sem mácula).
Lascívia: alsegeia – estado desavergonhado de
imoralidade sexual. Quando a pessoa perde todo o freio. Atos que chocam o público.
Libertinagem.
Idolatria: eidolatria - adoração de ídolo. Colocar
qualquer coisa na sua vida no lugar de Deus. A avareza é chamada em outro lugar
de idolatria (Col 3.5).
Feitiçaria: pharmakeia – uso de remédios, drogas,
com propósitos mágicos. Realização de certos rituais com invocação de espíritos
ou supostas forças da natureza. Necromancia, e coisas do tipo. A utilização de
elementos psicotrópicos também estava associada a esses rituais.
Inimizade: exthrai - nutrir qualquer sentimento
contra o seu semelhante que te torne hostil a ele. Animosidade. Hostilidade.
Porfias: eris – lutas, contendas, disputas, vias
de fato.
Ciúmes: zelos – entristecer-se por não ter algo
e desejar o que o outro tem, não por uma admiração genuína, mas por uma ideia
de disputa, podendo ser coisas, honra, posição. Também o zelo excessivo sobre a
vida de alguém.
Iras: thumoi – temperamento raivoso, violento,
explosivo, cólera momentânea.
Discórdias: eriheiai – conflito, lutas, contendas. Espírito
partidário e tendencioso. Não se busca a verdade; busca somente disputar e
vencer.
Dissensões: dichostasiai – sedição, rebelião.
Facções: aireseis - pode ser traduzido por
heresias. Elementos divisores em torno de uma ideia ou pessoa.
Invejas: fthonoi - desejar que o outro perca o
que tem. Se alegrar com a desgraça alheia. Se entristecer terrivelmente com a
felicidade alheia. Não basta ter o que é do outro, este tem que perder o que
tem.
Bebedices: methai - é a embriaguez desenfreada na
busca do prazer, da sensualidade, da perca de freios.
Glutonarias: komoi – também traduzido por orgias, É a
busca desenfreada por prazer, inclusive comendo.
Note que se trata de uma lista genérica,
pois Paulo menciona “coisas semelhantes a estas” (5.21)
Percebemos que as obras da carne são
mencionadas no plural (vers. 19), mas Paulo não fala em “frutos”, mas sim em “fruto”
(vers. 22). A ideia talvez tenha a ver com o fato de que o fruto deva ser “recolhido”,
“possuído”, “recebido” inteiramente, ou seja, com todas as suas características
em conjunto, sendo que, no que se refere as obras da carne, elas não precisam
ser realizadas em sua totalidade para uma pessoa ser considerada carnal.
Uma outra diferença é que as obras da
carne são produzidas diretamente por nossa própria natureza carnal, entretanto,
o fruto do Espírito é produzido em nós pela ação divina. É algo que se recebe.
Esse fruto é descrito em nove virtudes morais:
AMOR: (ágape) benevolência invencível. Amor
doador, que não deseja recompensa ou reconhecimento. Basta o bem-estar do ser amado.
Não se trata do amor de pai para filho (storge),
nem de eros ou somente filia. É basicamente o amor de Deus em
dar o seu Filho pelo mundo, e de Jesus em morrer por nós quando ainda éramos
pecadores.
ALEGRIA: (chara – mesma raiz de charis/dom/graça)
= é uma alegria cheia de graça, como um dom de um relacionamento com Deus.
PAZ: eirene - serenidade, tranquilidade,
mesmo em meio às circunstâncias difíceis. Paz com Deus e exalação de um caráter
pacífico diante de todos.
LONGANIMIDADE: makrothumia - pessoa tardia em irar-se e
suporta injúria de outras pessoas. Extremamente paciente. Alguém que não se
vinga.
BENIGNIDADE: crestotes - disposição gentil e bondosa
para com os outros. O jugo de Cristo é crestos
(Mt 11.30).
BONDADE: agathosyne - atividade em fazer o bem,
ainda que seja algo difícil como confrontar alguém em seu erro.
FIDELIDADE: pistis - pessoa leal, digna de confiança,
caráter confiável. Não deixa os outros na mão, cumpre compromissos.
MANSIDÃO: prautes - é a pessoa controlada,
submissa. As pessoas mansas mantem as suas emoções sobre controle. Quando confrontada,
não reage.
DOMÍNIO
PRÓPRIO: egkrateia – autocontrole,
disciplinado, moderado em todos os aspectos da vida, seja na área sexual, no
controle das palavras, no uso de seus bens, etc.
Embora saibamos que o fruto do Espírito é uma ação
de Deus em nós, que produz a natureza divina, isso não significa que não
devemos fazer nada para alcançá-lo. Por isso Paulo escreveu que devemos “andar
no Espírito e jamais satisfazer a concupiscência da carne” (5.16). Que devemos
ser “guiados pelo Espírito” (5.18). Descreve também que, “os que são de Cristo
crucificaram a sua carne, com as suas paixões e concupiscências” (5.24). Devemos
“viver e andar” no Espírito (5.25). Viver
no Espírito é manter viva a nossa comunhão com ele, e andar n’Ele, significa
realizar atos, obras, conforme o seu querer.
terça-feira, 6 de junho de 2017
Buscando a perfeição em Cristo
Leitura:
Filipenses 3.12-16
12 Não que eu o tenha já
recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo
para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não
julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para
trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,
14 prossigo para o alvo, para
o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
15 Todos, pois, que somos
perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo,
também isto Deus vos esclarecerá.
16 Todavia, andemos de acordo
com o que já alcançamos.
COMENTÁRIOS
12 Não
que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para
conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
Esse versículo revela a humildade de Paulo, no
sentido de afirmar que não chegou à perfeição.
Entretanto, tal constatação não o faz desanimar;
pelo contrário, ele prossegue para atingir aquilo pelo qual ele foi conquistado
pelo Senhor, que, entre outras coisas foi para ser apóstolo dos gentios.
Hernandes Dias Lopes também informa também que tal passagem também revela o
inconformismo de Paulo em permanecer do jeito que está.
13 Irmãos, quanto a mim, não
julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para
trás ficam e avançando para as que diante de mim estão,
14 prossigo para o alvo, para
o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Alguns dizem que essa repetição em dizer que ainda
não alcançou a perfeição tenha a ver com o fato dos oponentes de Paulo (judaizantes)
se julgarem perfeitos.
De qualquer modo, mesmo que o apóstolo confesse que
não alcançou a perfeição, ele tem algumas atitudes que o fazem avançar, fazendo
uma metáfora com a atitude de um atleta:
- uma coisa faço: essa frase
revela concentração. Ele não diz: faço várias coisas, inúmeras coisas. Ele diz:
uma coisa faço. Quando alguém for disputar uma corrida precisa estar
concentrado naquilo que está fazendo, caso queira vencer. É uma unidade de
propósito. É um único objetivo na vida. Podemos ver nos ditos de Paulo a imagem
de um corredor que quer vencer.
-
esquecendo-me das coisas que
para trás ficam: um corredor tem que se esquecer dos obstáculos que deixou para
trás e se concentrar no que está adiante de si. Se um corredor ficar olhando
para trás, não terminará bem a corrida. São constantes as advertências na
Palavra para não se olhar para trás. Jesus disse que quem lança mão do arado e
olha para trás não é digno do reino (Lc 9.62). Nos mandou lembrarmos da mulher
de Ló, que olhou para trás (Lc 17.32)
- avançando para as que estão
adiante: a ideia do verbo é a de um corredor empenhando toda sua força, sua
musculatura, para corre o máximo que puder. Também tem a ideia de progressão.
Um corredor não volta ao ponto de partida. Embora possa cair, tropeçar, ele
continua do ponto em que parou. Assim também é na vida espiritual. Nós não voltamos
ao ponto de partida. Há determinadas experiências que não iremos mais
vivenciar, como o novo nascimento. Entretanto, podemos e devemos progredir cada
vez mais nessa corrida.
- prossegue para o alvo: um corredor
prossegue para o alvo, que é cruzar a linha de chegada. Uma olhada para o lado
pode colocar tudo a perder. Nessa corrida espiritual, o alvo é Cristo, é
alcançar a perfeição ético-espiritual no Senhor.
-
para o prêmio da soberana vocação
de Deus em Cristo Jesus: um corredor quando vencia uma corrida, ganhava um
prêmio, que poderia ser em dinheiro, uma coroa de louros, e diversas honrarias.
Um prêmio só é dado no final da corrida. Assim também, Cristo (e a perfeição
n’Ele), no final, deixa de ser o alvo e se torna o prêmio de todos os que estão
nessa corrida espiritual! Enquanto alvo, nos esforçamos para alcançar. Enquanto
prêmio, desfrutamos. Entretanto, na corrida espiritual, o alvo já é prêmio,
pois é algo que já começamos a desfrutar na caminhada. De qualquer modo, tanto
para começar a corrida quanto para alcançar o prêmio, em tudo somos dependente
da graça de Deus.
15 Todos,
pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais
doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá.
Parece um pouco estranho Paulo dizer que está se
esforçando para ser perfeito, mas depois escrever “todos os que somos perfeitos”.
Boa parte dos comentaristas nos informa que este termo também pode ser traduzido
por maduro. Ou seja, é sinal de grande maturidade entender que precisa ter esse
sentimento, qual seja, buscar a perfeição em Cristo. Entretanto, há que diga
que a perfeição que o cristão pode atingir é uma espécie de “perfeição em
evolução”, daí ser possível um desenvolvimento.
16 Todavia, andemos de acordo
com o que já alcançamos.
Ou seja, é uma forma de Paulo dizer para continuar
do ponto em que encontrar. Penso ser também uma forma também de dizer para não
recuar.
1 – Não se conforme com o seu atual estado, pois
sempre há possibilidade de melhorarmos ética e espiritualmente rumo ao padrão
de Cristo.
2 – Ainda que Deus tenha um propósito em sua vida,
é sua obrigação e responsabilidade trabalhar para que esse propósito seja aperfeiçoado.
Focar, esquecer, avançar e prosseguir.
3 – Tenha sempre Cristo como alvo da sua vida.
4 – Trabalhe na expectativa de ganhar um prêmio pela sua caminhada.
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