sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Acerca do perdão


E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores (Mateus 6.12);


Jesus, no famoso sermão da montanha, ensinou seus discípulos a orar o que ficou sendo conhecida como a “oração do Pai nosso”. Tal oração é para ser feita por todos os seus seguidores e com certa regularidade.

Um dos temas de tal oração é o perdão. E a necessidade de se perdoar se faz presente em todas as esferas do nosso cotidiano.
Isso porque, o tempo todo, estamos machucando uns aos outros, nos entristecendo mutuamente. Não é incomum vermos irmãos, amigos, cônjuges, famílias, irmãos em Cristo, e até mesmo nações em conflito uns com os outros porque não conseguem exercer o perdão.

Entretanto, o cristão perdoa primeiramente porque sabe que foi perdoado. Quando éramos pecadores, Jesus deu a sua vida para nos salvar (Romanos 5.8). Há uma disposição no coração de Deus para perdoar todos os que se arrependem.

Também perdoamos para sermos perdoados. Na continuação de seu ensinamento acerca da oração Jesus disse: Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas (Mateus 6.15). Essas são duas verdades inseparáveis. Perdoamos porque fomos perdoados, mas perdoamos também para sermos perdoados. Lembro-me daquela parábola em que um rei perdoou a dívida de um servo, que lhe devia, contextualizando, um milhão de reais. Depois esse mesmo servo se encontrou com um companheiro que lhe devia somente mil, mas não o perdoou. Ao saber disso, aquele rei revogou seu perdão, e mandou prender aquele servo ingrato. Ou seja, só demonstramos que acolhemos verdadeiramente o perdão que recebemos de Deus se perdoarmos o nosso irmão.

Perdoamos também os nossos irmãos, pois, sem perdão é impossível uma verdadeira comunhão. Conforme está escrito: “Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses 3.11). E ainda: Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Efésios 4.32). é impossível caminhamos juntos, seja como amigos, irmãos, pais e filhos, cônjuges e comunidade se não estivemos imbuídos da graça de perdoar.

Você diz assim: Na teoria entendo que isso é necessário, mas e na prática, como consigo?

Abaixo faço algumas observações que julgo pertinentes e que já apliquei em minha vida. Claro que tudo isso imbuído da misericórdia de Deus, e busca em oração.

Primeiramente, tome a firme resolução de não se vingar jamais. Em um primeiro momento, podemos não estar emocionalmente preparados para perdoar. É muito difícil. Mas algo que você pode evitar é se vingar. Terá que respirar, contar até dez, orar. Mas não se vingue. Evite dar aquela resposta mal dada. Evite pagar na mesma moeda. Esse é o primeiro passo para o perdão.

Em segundo lugar, e se estiver ao seu alcance, faça cessar a agressão que contra ti é cometida. É muito difícil perdoar alguém enquanto se está sendo agredido. Por exemplo, uma mulher que tem sofrido agressões constantes do marido. Ela tem que dar um jeito de tais agressões cessarem. Um cônjuge que está sendo traído. Um empregado sofrendo assédio moral. Sei que Jesus mandou dar a outra face, mas acredito que ele não deseja que passemos por alto de nossa dignidade. Acredito que é muito difícil você perdoar enquanto não fizer cessar as agressões que está sofrendo.

Não espere sentir emocionalmente o desejo de perdoar. Isso provavelmente não irá acontecer. Antes de tudo, perdoar é um mandamento. Perdoar fará bem primeiramente a você mesmo. Também não force seus sentimentos. Entregue eles nas mãos de Deus. De certa forma, “nem ligue para eles”. Faça um processo de limpeza interior. É momento de buscar a Deus nos silêncio, na caridade. Se possível, afaste-se daquilo que te provoca dor. Proteja seu coração, pois dele provém as fontes da vida.

Tem muitas pessoas que quando estão machucadas, preferem “botar pra quebrar”. Cônjuges traídos e abandonados querem trair e cair na balada. Pessoas machucadas querem revidar. No final do processo você acaba se sentindo pior ainda. Por isso, neste momento de dor emocional, procure realizar um processo de limpeza interior. É preciso buscar a Deus em oração. Se afastar do pecado. Redescobrir que existe grande prazer em viver uma vida santa. Ocupar a mente com coisas edificantes. Evitar as palavras de ressentimento. Assim será mais fácil perdoar.

E finalmente, evite voltar ao assunto, revisitar o passado. Se você já perdoou, não fique jogando na cara da pessoa aquilo que aconteceu. Isso mostra que talvez você não tenha perdoado. Não fique olhando para trás, para não se converter em uma “estátua de sal” e não consiga mais caminhar para uma nova terra. Deixe o passado morrer.

Um dos sinais de que você realmente perdoou é de que, quando se lembrar do que aconteceu, aquilo já não te provocará a mesma dor. Você até conseguirá fazer piada com algumas daquelas coisas. O perdão é possível. Sentir o perdão, seja recebendo, seja concedendo,  também é possível. Afinal, Deus nos perdoou em Cristo e nós devemos perdoar uns aos outros.


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