domingo, 13 de novembro de 2016

O chamado, peregrinação e desvio de Abrão


O texto nos narra o chamado de Abrão, sua peregrinação e desvio para o Egito, quando mente, entregando sua mulher para Faraó, a fim de preservar a sua própria vida. Quais lições podemos aprender com esse texto?

1 – O chamado de Abrão foi um chamado para a renúncia: lhe foi dito que deixasse sua terra, sua parentela e a casa de seus pais, e que fosse para uma terra que lhe seria anunciada. Assim também, na vida cristã, somos chamados a renunciar a tudo o quanto temos para seguir o Mestre (Lc 14.33). Muitas vezes o chamado envolve realmente em deixar fisicamente muitas coisas para trás. Mas na maioria das vezes, realmente é uma questão de mudança de prioridades. Nossa prioridade agora é a vontade de Deus para nossas vidas.

2 – O servo chamado de Deus deve construir altares em sua caminhada. Abrão construía altares por onde quer que passava (vers. 7,8). Assim também, em nossa caminhada, procuramos estabelecer momentos de comunhão e intimidade com Deus. Não precisamos mais construir altares, como naqueles tempos, pois o nosso Sumo Sacerdote está no céu, e é Jesus. Mas precisamos, simbolicamente, construirmos momentos sagrados em que oramos e damos ações de graças a Deus. Abrão deixava um rastro de adoração por onde passava. Assim tem que ser também em nossa caminhada.

3 – Diante de situações difíceis, cuidado para não buscar soluções que podem colocar em risco sua vocação. Diante de um quadro de fome, Abrão decidiu ir para o Egito e pediu para Sarai mentir, dizendo que era sua irmã, a fim de que não fosse morto. Interessante que aqui notamos pouca fé naquele que se tornou o pai da fé. Deus já havia aparecido para ele em algumas ocasiões, e mesmo assim, Abrão preferiu acreditar em suas próprias decisões. O Egito é um símbolo do mundanismo, nas Escrituras. E Abrão entrega sua mulher, que seria justamente a depositária da promessa que haviam recebido, de que sua descendência seria grande na terra. Abrão entregou para o Egito aquela que seria essencial para sua vocação. Séculos mais tarde, Jesus de Nazaré, após quarenta dias de jejum, teve fome, e foi tentado a transformar pedras em pão. Jesus ficou com as pedras. Abrão preferiu pão. Perceba ainda que, enquanto estava no Egito, Deus não apareceu nenhuma vez para ele, e lá, também não construiu nenhum altar.

4 - Quando um servo de Deus se desvia de seu chamado, corre o risco de deixar de ser uma benção e passar a ser maldição. Deus havia dito a Abrão: “sê tu uma benção” (vers. 2). Mas durante a estadia do patriarca na casa de Faraó, esse foi amaldiçoado. Lembra um pouco a história de Jonas, quando leva tempestade para um navio enquanto fugia de seu chamado. Tão diferente será a postura de José, anos depois, em que abençoa todo o Egito. Assim também cada um de nós, enquanto em fidelidade a Deus, temos que ser benção na vida das pessoas ao nosso redor.


5 – Mesmo diante de erros cometidos por Abrão, Deus não o abandona. O Senhor puniu a casa de Faraó, e esse acaba libertando Abrão, mas não sem antes lhe dar uma bela lição de moral. Ora, um servo de Deus, quando longe de seu chamado, leva lição de moral até do ímpio. Mas Deus, por fidelidade primeiramente a Si, bem como ao propósito que estabeleceu, por sua soberania, na vida de Abrão, o liberta, a fim de que ele possa continuar a sua caminhada. Deus é sobremodo misericordioso e bom. Mesmo quando erramos, ele não desiste de nós. Claro, é sempre melhor não abusar. Mas podemos confiar na bondade divina!

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