18 Esposas, sede submissas ao próprio marido,
como convém no Senhor.
Submissão? Uma questão cultural? Ou uma questão
teológica? Em Paulo, pelo menos segundo sua concepção e entendimento, a razão
parece ser teológica, pois diz “como convém no Senhor”. Por mais impopular que
seja dizer isso hoje em dia, no pensamento de Paulo há um aspecto hierárquico
na família, qual seja, de que Cristo é o cabeça do homem, este o cabeça da
mulher, e os filhos devem obediência.
Temos muitos exemplos ruins de autoridade ao nosso
redor, mesmo entre aqueles que se dizem seguidores do Senhor. O que precisa
sempre ficar claro é que, nas Escrituras Sagradas, toda autoridade tem seu
fundamento no serviço e no bem daquele que deve obediência, como foi no próprio
exemplo do Senhor. Quem exerce autoridade deve viver para a felicidade daqueles
que estão sob autoridade (tudo isso, sempre no Senhor).
Submissão
não significa inferioridade, nem mesmo submissão absoluta, pois é submissão NO
SENHOR, não fora d’Ele.
19 Maridos, amai vossa esposa e não a trateis
com amargura.
Embora o mandamento do Senhor seja o de amor recíproco, no versículo
anterior não foi dito para mulher amar o seu esposo (embora isso esteja
implícito inclusive no próprio mandamento de não adulterar). Isso pode ser uma
forma de demonstrar que o amor do homem pela sua esposa tem que ser muito mais
ativo. O homem não deve trata-la com amargura, rispidez.
20 Filhos, em tudo obedecei a vossos pais; pois
fazê-lo é grato diante do Senhor.
Paulo
sempre se volta primeiro para as pessoas que deveriam se submeter. Primeiro
fala às esposas, depois aos filhos. Todos estes, entes que pela cultura de modo
geral já eram obedientes. Mas Paulo se volta primeiro para estes por pelo menos
dois motivos: no reino, a ideia é que a submissão seja voluntária. Em segundo
lugar, pode-se muito bem obedecer apenas exteriormente, porém com coração
amargurado e espírito de revolta. Mas só há realmente valor se a submissão for “no
Senhor”, com espírito verdadeiro.
Filhos
devem obediência natural aos pais, pois destes veio sua vida, provisão. São os
pais que possuem maior experiência também. Obediência aos VOSSOS pais pressupõe
uma harmonia entre os pais na educação dos filhos.
21 Pais, não irriteis os vossos filhos, para que
não fiquem desanimados.
Sempre há uma contrapartida em Paulo. Sempre há
deveres recíprocos. O governo dos pais sobre a vida dos filhos tem que ser com
a máxima justiça, sem autocracia, autoritarismo, desmandos, humilhações, para
que não gere desânimo, frustração, nem sombria resignação no coração deles.
22 Servos, obedecei em tudo ao vosso senhor
segundo a carne, não servindo apenas sob vigilância, visando tão-somente
agradar homens, mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor.
Não há nada nas Escrituras que digam que a
escravidão foi determinada por Deus (como por exemplo, o casamento, a geração
de filhos, as autoridades, a igreja), mas ainda assim, Paulo não bate de frente
com tal instituto. Com exceção daqueles que não concordam com Paulo, a maioria
dos comentaristas entende que o apóstolo deseja transformar as relações entre
escravos e senhores de “dentro para fora”. Em Roma, nestes tempos, muito provavelmente
um terço da população era composta de escravos.
23 Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o
coração, como para o Senhor e não para homens,
Tão forte é a admoestação de Paulo, que tal
obediência tinha que ocorrer não somente por vigilância, mas direcionada ao
próprio Senhor. Fazer do próprio trabalho uma oferenda a Jesus, e com o coração
singelo.
24 cientes de que recebereis do Senhor a
recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo;
Paulo sustenta que este trabalho não será em vão,
mesmo feito a um senhor humano, em meio à escravidão. Haverá recompensa, pois
tudo é feito ao Senhor. Ou seja, o trabalho “profissional” cotidiano é uma
forma de obrar para o Senhor. Infelizmente muitos escravagistas abusaram de
tais premissas.
25 pois aquele que faz injustiça receberá em
troco a injustiça feita; e nisto não há acepção de pessoas.
Essa afirmação, muitos dizem, já vai introduzindo o
que vem a seguir, qual seja, o dever do senhor ser justo.
1 Senhores, tratai os servos com justiça e com equidade,
certos de que também vós tendes Senhor no céu.
Conforme já mencionado
anteriormente, Paulo sempre se volta primeiramente àqueles que já eram
culturalmente submissos, mas a grande novidade, é a contrapartida que Paulo
exige daqueles que exercem autoridade (maridos devem amar suas esposas, pais
não devem irritar seus filhos, senhores devem tratar os escravos com justiça e
equidade). No mundo antigo, quem exercia autoridade não necessitava dar
contrapartida necessariamente.
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