2 Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.
Perseverança: ideia de continuidade,
pois surgirão diversos obstáculos que dificultarão tal tarefa.
Oração: sua definição mais singela é a forma como falamos com Deus
(ainda que sem palavras), expressando comunhão.
Vigiando: a ideia é de estar alerta, atento a todos os acontecimentos, e
fazer de todos eles motivos de oração. Orar por um milagre, como Ana; orar pela
família, como Jó; orar por livramento, como Davi; orar pelos irmãos, como
Paulo. Além disso, deve-se orar pela nação, por melhores dons, pela volta do Senhor,
por capacitação, entre muitas outras coisas.
Ações de graças: a oração também tem que trazer a confiança de que será
atendida. E diante disso, o cristão sabe que sua vida é um dom, e tem o coração
em constante agradecimento.
3 Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra
porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também
estou algemado;
Súplica,
ao mesmo tempo, também por nós: orar com bastante rogo, insistência,
intensidade. Ou seja, Paulo coloca-se a si e os seus como incluídos em todos os
motivos de oração da comunidade.
Para que Deus nos abra porta à palavra: veja que
Paulo não pede que sejam abertas as portas da prisão onde se encontra, mas que
seja dada oportunidade para ele pregar ainda mais. Não é a primeira vez que ele
quer pregar em uma situação de prisão. Paulo pouco se importa com sua própria
vida; se importa mais que o evangelho seja anunciado. Ele reconhece que é o
próprio Deus que cria oportunidades para que a Palavra seja anunciada!
A fim de que falemos do mistério de Cristo: o
Senhor é o assunto do apóstolo Paulo, qual seja, o Cristo. Mistério, porém,
agora revelado. Muito provavelmente Paulo discorreria desde os tempos da lei de
Moisés, passando pelos salmos e profetas, demonstrando que Jesus era o Cristo.
Mesmo àqueles que não fossem versados no antigo testamento, Paulo argumentaria a
ponto de chegar à Jesus. Falar acerca do Cristo, sua vida e obra, era o motivo
da existência de Paulo.
4 para que eu o manifeste, como devo fazer.
Paulo pede sabedoria a fim de que manifeste o
Cristo, ou seja, que faça com que ele, o Senhor, seja compreendido na mente de
seus ouvintes. Paulo pede oração para que saiba “como deve fazer”, ou seja,
como deve falar a fim de fazer com que o mistério de Cristo seja compreendido. A
ideia envolvida não é que ele somente diga a verdade, mas O MODO como ele irá
dizer a verdade. Muitas vezes, mesmo falando o que é correto, corremos o risco
de fazer mais mal do que bem. Por isso, não somente devemos FALAR corretamente
acerca do evangelho, mas também falar de um MODO CORRETO, apropriado, para cada
ocasião, e esse dom vem de Deus.
5 Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai
as oportunidades.
Portar-se com sabedoria é não agir de forma tola,
displicente, sujeita à desaprovação por motivos incorretos.
Para os que são de fora: entende-se, os que ainda
não fazem parte do círculo dos fiéis.
Aproveitai as oportunidades: há algumas ideias
envolvidas: a) aproveitar ao máximo cada oportunidade que surgir; b) criar as
oportunidades para que sejam aproveitadas. Mas essas oportunidades devem servir
para que? Para compartilhar o evangelho!
6 A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para
saberdes como deveis responder a cada um.
Ou seja, assim como Paulo pediu sabedoria a fim de
que modo falar, também determina que a fala dos seus leitores seja sempre agradável.
Ou seja, a melhor e maior forma de ser agradável é a de falar a verdade em
amor. Uma pessoa moralista (que quer sempre dar lição de moral), ou o famoso “dono
da verdade”, ou que sempre “aplica um sermão” ao seu ouvinte, não dando espaço
para que o outro se manifeste, ou alguém que fala em tom de voz
desnecessariamente destoante, entre outras coisas, é alguém bem desagradável, e
presta um desserviço ao evangelho.
“Temperada com sal”: é uma forma de dizer que a
palavra é agradável, pois “temperada”. Não é uma linguagem sem sabor, sem
gosto, desinteressante como um alimento destemperado.
“Para saber como responder a cada um”: é possível
que a ideia envolvida é que a medida que o cristão compartilha o evangelho, com
sabedoria, e de modo agradável, isso irá suscitar dúvidas nos ouvintes. E os
fiéis devem estar preparados para responder bem a cada um que perguntar. Para responder bem, há pelo algumas coisas que o
cristão deve fazer: a) saber ouvir a pergunta que lhe está sendo dita; b) ter
conhecimento da Palavra; c) estar sensível à direção do Senhor, daí a
necessidade de constante oração.
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