“Por esta razão” (vers. 9): que razão? Qual fato? Pelo fato de Paulo e Timóteo terem
ouvido da fé dos colossenses em Cristo Jesus e do amor que eles tinham para com
todos os santos (vers. 4), entre outras coisas. Ou seja, tudo o quanto Paulo
anteriormente tinha listado como motivo de agradecimento pela vida dos
colossenses.
“Desde o dia que ouvimos” (vers. 9): ou seja, uma demonstração clara de que
era uma igreja que eles não conheciam pessoalmente, mas que ouviram falar. Isso
mostra que quando uma notícia chega aos nossos ouvidos acerca de irmãos na fé
temos que orar.
“Não cessamos de orar por vós” (vers. 9): remete a uma atividade contínua,
constante de oração pela vida dos colossenses. Esse era o costume constante de
Paulo (Rm 1.9; Efésios 1.16; Filipenses 1.4; 1 Tessalonicenses 1.2; 2
Tessalonicenses 1.11). Paulo orava por todas as igrejas! Assim também a nossa
rotina de oração pelas igrejas, pela vida dos irmãos, tem que ser constante.
Muitas vezes começamos com uma
rotina de oração, mas não damos continuidade. Não deve ser assim. A oração tem
que ser constante, e há quem diga que é a atividade mais importante da vida de
um cristão.
E quais eram os motivos da oração de Paulo para com os
colossenses? Quais os motivos de oração que o apóstolo julgava que era
importante fazer pelos seus leitores?
1 - Que transbordeis de pleno
conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual
(vers. 9): Paulo não ora para que eles
tenham um breve, superficial, ralo conhecimento da vontade de Deus. Ele pede
para que eles tenham um conhecimento transbordante, muito maior do que qualquer
falso mestre gnóstico poderia oferecer.
Conhecimento (“epignōsis”) =
conhecimento que tem conexão com a obediência prática – está em contado direito
com a vontade de Deus. A vontade de Deus: como deve ser o viver prático dia a
dia. Aparentemente então Paulo deseja que os cristãos transbordem do conhecimento
prático da vontade do Senhor, e não um entendimento oculto, misterioso, como queriam
fazer valer os mestres gnósticos.
Sabedoria (“sophia”) e
entendimento (“sunesis”) espiritual (“pneumático”): sabedoria e entendimento
também estão ligados às situações concretas na vida. É saber aplicar na prática
todo o conhecimento adquirido.
2 - A fim de viverdes de modo
digno do Senhor, para o seu inteiro agrado (vers. 10): confirmamos aqui
então que o conhecimento, a sabedoria e o entendimento é voltando não para uma
especulação filosófica, mas sim para um fim prático, qual seja, o de viver de
modo digno do Senhor para seu inteiro
agrado. Não se trata de um agrado parcial, de satisfazer o Senhor em determinadas
coisas e não em outras. É para agradar totalmente.
3 – Frutificando em toda a boa
obra (vers. 10): tem a ver com um caráter frutífero rumo
a um amadurecimento espiritual. Tem a
ver também com o testemunho
comunitário que aquela comunidade vai realizando em sua localidade, por meio do
evangelismo. E tem a ver também com as boas obras, obras de misericórdia que são realizadas ela comunidade. Todas elas
são fruto do conhecimento da vontade do Senhor. De qualquer modo, no texto
presente, parece que a ênfase é dada no primeiro aspecto, conforme veremos a
seguir.
4 – E crescendo no pleno
conhecimento de Deus (vers.
10): aqui, não se trata somente do conhecimento de sua vontade, mas no
conhecimento da pessoa do próprio Deus, que se dá por intermédio de uma
comunhão espiritual, não somente teórica. A ideia é que se pode crescer nisso a
cada dia também. Diferente da falsa “gnósis”, que é um conhecimento
especulativo, aqui se trata de um conhecimento relacional. O conhecimento de
Deus é vital para a vida eterna (João 17.3).
E quais serão os resultados do
cumprimento dessas orações na vida dos colossenses?
1 – Fortalecimento: “sendo
fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória” (vers. 11): Paulo
sabe que essa vida que deseja que seus leitores vivam só pode ser vivida pelo
poder de Deus, daí a necessidade das constantes orações. Não é uma vida que
pode ser vivida somente pela carne, pelo esforço humano. Essa fonte é
inesgotável, pois é segundo a força da sua glória.
2 – Caráter fiel: “em toda
a perseverança e longanimidade” (vers. 11): essas virtudes demonstram que o
frutificar mencionado anteriormente tem a ver com o crescimento pessoal do
indivíduo. Notamos a maturidade de alguém mediante essas duas virtudes
combinadas (entre outras). Perseverança é se manter constate em seus
propósitos, mesmo em meio às dificuldades referentes aos fatos, situações,
coisas. Longanimidade (longo ânimo, uma paciência “espichada” é o que
possibilita aquela perseverança). Tem a ver principalmente com o suportar
pessoas difíceis durante a jornada.
3 – Alegria interior: “com
alegria” (vers. 12): essa vida de poder, de perseverança, de longanimidade não
é para produzir santos carrancudos. Tudo isso deve gerar de fato a verdadeira
alegria, que o mundo não pode fornecer nem tirar da vida do fiel. A alegria é
fruto do Espírito.
4 – Gratidão: “dando
graças ao Pai” (vers. 12): ou seja, uma vida de constante agradecimento. É um
imperativo para que os colossenses tenham um coração grato. Mas dando graças
pelo que?
Herança: “que vos (2ª pessoa do plural) fez idôneos à
parte que vos cabe da herança dos santos na luz” (vers. 12): é um eco do antigo
testamento, quando foi prometida uma herança à descendência de Abraão (Gn
13.4-17) que possuiriam e dividiriam a terra conquistada. Mas a nossa herança é
muito maior, pois é a herança dos santos na luz.
Liberdade: “Ele nos (1ª pessoa do plural) libertou do
império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (vers.
13): a mudança da segunda para a primeira pessoa do plural demonstra o modo
como Paulo se sentia tocado pela mensagem que ele mesmo proclamava. Há aqui um
movimento de libertação espiritual. Fomos removidos espiritualmente de um reino
para outro, de um povo para outro. O império das trevas é onde reina a
escuridão, a morte, a influência espiritual do diabo. O reino do Filho é um
reino de luz, de amor.
Perdão: “No qual temos (1ª pessoa do plural) a redenção,
a remissão dos pecados” (vers. 14): redenção é justamente esse resgate do reino
das trevas. Remissão é o perdão dos pecados que obtivemos na cruz.
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