AULA 1 – Saudação e Ação de Graças
Saudação
1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e
o irmão Timóteo, 2 aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em
Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai.
Remetentes:
Paulo e Timóteo.
Destinatários:
santos e fiéis que se encontram em Colossos.
Estilo
literário obedece ao jeito clássico epistolar, entretanto, com linguagem
cristã. Paulo usa um estilo do mundo, mas o embeleza com o evangelho de Cristo.
Apóstolo =
enviado.
De Cristo
Jesus = ligado diretamente à Cristo e pertencente à ele.
Por vontade
de Deus = não por vontade humana; nem mesmo por escolha própria. É possível que
este seja um aspecto bem interessante do chamado profético (do A.T.) e do apostólico
(N. T.), tendo em vista que se tornar profeta ou apóstolo não parecia depender
de um tempo de reflexão, meditação ou algo do tipo. Isso torna tais ministérios
diferenciados na história do povo de Deus?
Timóteo =
discípulo e companheiro de ministério de Paulo, provavelmente um dos mais
estimados em sua jornada.
Aos santos = separados,
chamados para ser santos
Fiéis = aqui
também chamados de “crentes” – que possuem fé e vivem em fidelidade.
Em Cristo =
unidos à Cristo pela fé
(note que
nessa carta ele não utiliza a palavra igreja na saudação – dizer santos e fiéis
já servem como um substitutivo).
Graça = “chairis”
– um vocábulo notadamente cristão – revela o favor dado aos homens. O termo
grego era “chairen”, levemente alterado para chairis. É uma saudação mais
próxima então do modo grego de se expressar.
Paz = é o “shalom”
judaico (“eirene”, no grego), resultado da graça de Deus na vida do fiel.
A combinação
do termo grego com o judaico em uma única saudação também tem a intenção de
demonstrar que em Cristo foram quebradas as barreiras entre judeus e gentios.
“Da parte de
Deus” = talvez seja um eco do dito “quem vos recebe, a mim me recebe, e quem me
recebe, recebe aquele que me enviou”. Fica claro que essa graça e essa paz não
tem como fonte o apóstolo, mas o próprio Deus que fala e age, em Cristo, por
intermédio do apóstolo.
“Nosso Pai” =
declara aqui a irmandade do povo de Deus, considerada em conjunto. Jesus é o
Filho unigênito de Deus, único, e que estende a paternidade do Pai a todos nós.
Ação de Graças:
3 Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós,
4 desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus
e do amor que tendes para com todos os santos;
5 por causa da esperança que vos está
preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do
evangelho,
6 que chegou até vós; como também, em todo o
mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia
em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade;
7 segundo fostes instruídos por Epafras, nosso
amado conservo e, quanto a vós outros, fiel ministro de Cristo,
8 o qual também nos relatou do vosso amor no
Espírito.
Vers. 3. Paulo agradece “a Deus,
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Note a singularidade afirmada na paternidade
divina para com o Filho. Isso parece apontar para o fato de que o primeiro ato
da oração paulina é a ação de graças pelos colossenes. Há quem observe que a
ação de graças que Paulo faz tem o efeito em sua epístola de elogio aos
destinatários (recurso que parece não ter se utilizado somente quando escreveu
aos gálatas). Paulo irá ditar lições sérias nesta epístola, e ele nos ensina de
que antes disso tudo, cabe elogios sinceros.
Vers. 4. Paulo ouviu acerca da
fé deles, ou seja, não os conhecia pessoalmente, mas orava por eles. Isso nos
mostra que sempre que temos notícias de outras igrejas, mesmo sem conhece-las,
por elas devemos orar.
Paulo ouviu
falar acerca da fé no nosso Senhor Jesus
Cristo que eles tinham. Corremos o risco de achar que ter fé em Cristo
Jesus seja algo natural, banal, quando na verdade o fato de crer realmente em
Cristo Jesus é um ato da maravilhosa graça de Deus. Por isso, é cabível
agradecer a Deus quando se tem notícia de que alguém tem fé em Cristo Jesus,
pois isso é um ato sobrenatural da graça de Deus.
Paulo também
agradece pelo amor que eles tinham por
todos os santos. O resultado de uma verdadeira fé em Cristo é uma vida
alicerçada no amor, notadamente o amor por todos os santos. O amor é o maior
dom, assunto principal em Paulo, e no próprio Senhor Jesus, que ensinou que
seriam reconhecidos como discípulos pelo mundo os que amassem uns aos outros
como o próprio Senhor os havia amado (João 1.34-35).
Isso
mostra-nos também que uma comunidade verdadeiramente baseada no amor de Deus
também é um ato de sua graça, algo que pode estar se tornando raro de se ver,
daí a necessidade de agradecer o dom divino por tal realização.
Vers. 5. Ao mencionar aqui o termo “esperança”, ele completa essa
gloriosa “tríade” muitas outras vezes mencionadas ou subentendidas no novo
testamento (fé, esperança e amor – como em 1 Co 13.13). Essa tríade está
constantemente no testemunho e ensino de Cristo: “amem uns aos outros assim
como eu vos amei” (Jo 13,34 - amor), “não se turbe o vosso
coração, credes em Deus, credes também em mim” (Jo 14.1 – fé); “na casa de meu Pai
há muitas moradas” (Jo 14.2-3 – esperança).
A esperança
que nos está preservada nos céus é parte integrante da pregação do evangelho,
ou seja, da palavra da verdade. Essas três virtudes agem umas sobre as outras,
ou seja, quanto maior a fé, maior a esperança e o amor, e assim sucessivamente.
Vers. 6. “como também em todo
mundo” = a palavra da verdade estava sendo pregada no mundo todo de então. Paulo
parece atribuir quase uma autonomia a essa “palavra da verdade”, que produz fruto
e cresce, tudo isso feito pelo próprio Deus, que utiliza instrumentos humanos. A
expansão do evangelho naqueles tempos foi um dos fenômenos mais surpreendentes
para os historiadores até os dias de hoje. E isso, sem a utilização da força,
ou de técnicas de comunicação, pois aprouve a Deus salvar “pela loucura da
pregação”. Isso que estava acontecendo em Colossos (crescimento na fé) também
estava ocorrendo em outras localidades.
Vers. 7. Paulo nos dá algumas
informações: (i) Epafras era um conservo – servo de Cristo – juntamente com
Paulo e Timóteo; (ii) Epafras foi que levou o evangelho aos colossenses, pois
lhes é um fiel ministro – diáconos – de Cristo; (iii) O evangelho que Epafras
pregou é aprovado por Paulo e Timóteo; (iv) A sucessão da verdade se deu de um
apóstolo para um pregador, fiel ministro; (v) Os que se enveredam por um ensino
diferente do dado por Epafras, estão em erro.
Isso também
nos dá pelo menos dois aspectos da questão pedagógica cristã: (i) aquele que
ensina deve ensinar muito bem os que aprendem; (ii) quem aprende também deve se
dedicar para que possa ensinar a outras pessoas.
Vers. 8. A confirmação por meio
do relatório de Epafras de que a comunidade de colossos era permeada pelo
Espírito que gerava essa atmosfera de amor entre eles.
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