Significado
Pneuma
(grego - vento) + logos (discurso, estudo, doutrina, palavra) = doutrina do
Espírito Santo
Hebraico:
Ruach (vento) – usado com vários sentidos, a serem determinados pelo contexto
(ex: Jr 14.6; Jz 15.19; Sl 33.6; Jó 7.7; Jó 8.2; Gn 7.22; Gn 1.2
Pneumatologia é o
estudo sistemático acerca da Pessoa e a obra do Espírito Santo conforme
revelado nas Sagradas Escrituras.
A
importância do estudo da doutrina do Espírito Santo:
- Uma das pessoas da
Santíssima Trindade: Pai (Criador); Filho (Redentor); Espírito (Santificador)
- É Aquele que aplica
pessoalmente a salvação sobre a vida do crente;
- É Quem torna possível
o aspecto experiencial do evangelho em nossas vidas (comunhão com Deus, dons
espirituais, consolação, fruto, transformação, etc).
Panorama
histórico da doutrina do Espírito Santo
Nas Escrituras
Sagradas, a divindade do Pai é explicitamente afirmada; a do Filho,
argumentada; mas a do Espírito Santo, de modo geral, pressuposta por
inferências lógicas (Erickson), conforme veremos no decorrer do curso.
No início da era
cristã, não houve tanta ênfase acerca do Espírito, como em relação à concepção
de Deus Pai, e também principalmente em relação ao Filho (gnosticismo,
arianismo, etc).
Ainda assim, algo foi
pensado acerca do Espírito. A concepção geral do final do segundo século é que
foi o Espírito que escreveu as Escrituras, e ia aumentando em alguns autores
uma maior compreensão da sua divindade (Clemente de Roma, Tertuliano, etc). Mas
outros achavam que o Espírito era uma graça derramada sobre os apóstolos (Paulo
de Samósata), um atributo de Deus (Irineu). O linguajar de teólogos como
Orígenes davam dúvidas se o Espírito deveria ou não ser considerado como
criatura divina e não parte da Trindade eterna. Outros achavam que era um anjo,
ou a criatura mais elevada.
No início do sec. II, a
história registra que Montano recebeu a experiência do dom de línguas e
profecia, iniciando um novo movimento (montanismo), pregando um alto padrão de
vida cristã, bem como enfatizando a volta de Cristo. Atribui-se a si o Espírito
de Profecia, tendo como um dos mais notáveis convertidos Tertuliano, um dos
maiores teólogos da antiguidade.
No final do séc. IV, o
Credo Niceno-Constantinapolitano definiu que o Espírito deve ser adorado
juntamente com o Pai e o Filho, entretanto, a história registra que mesmo nesse
tempo ainda havia muita controvérsia em torno de sua pessoa e natureza. Nesse
período, Gregório de Nazianzo e Basílio são tidos como uns dos maiores
defensores da divindade e personalidade do Espírito.
Na idade média surgiu
uma controvérsia entre a igreja ocidental (romana) e oriental (ortodoxa), qual
seja, a cláusula “filioque” do credo niceno-constantinapolitano. No oriente se
entendia que o Espírito procede do Pai (conforme João 15.26), mas no Ocidente, houve
um acréscimo ao credo (procede do Pai e do Filho), o que contribuiu para a
divisão da cristandade em 1054. De qualquer modo, doutrinariamente, nada mais
se acrescentou à doutrina do Espírito.
Durante a Reforma (a
partir do sec. XVI), Lutero enfatizou o trabalhar do Espírito em infundir amor
e graça no coração dos crentes. João Calvino enfatizou a autoridade das
Escrituras ressaltando a inspiração dos autores e o testemunho interior no
coração de cada crente. Calvino também trouxe de volta ao ocidente a invocação
do Espírito na oração eucarística, prática essa que parece ter sido abandonada
na igreja ocidental (romana) de então.
John Wesley (sec.
XVIII) enfatizou a operação do Espírito no que concerne a inteira santificação
do crente, ensinando inclusive isso como uma segunda benção, o que veio a
influenciar o movimento pentecostal posterior.
Do final do sec. XVIII
ao XIX, houve um certo esfriamento em alguns setores da igreja. O
“escolaticismo protestante” enfatizava mais a doutrina correta do que a
experiência interior. O “racionalismo” colocou a razão e a ciência como juiz
das Escrituras, afastando dela tudo o que não poderia ser provado
cientificamente. O “romantismo” parece ter reduzido a religião ao extremo do
subjetivismo, em puro sentimento (ou seja, a doutrina já não importava tanto).
Entretanto, mesmo nesses períodos não deixaram de existir pregadores
evangélicos avivalistas que davam grande importância à atuação do Espírito
Santo na conversão das massas.
No final do sec. XIX,
houve um novo interesse pelo estudo acerca do Espírito na teologia. Charles
Parham (Kansas) e seus alunos chegaram à conclusão de que haveria um batismo no
Espírito Santo após a conversão e o novo nascimento e que a evidência de que
alguém o tivesse recebido era o falar em línguas, tendo relatados tais
experiências (como no caso de Agnes Ozman), sendo aqui o início do movimento
pentecostal. Entretanto, foi com William Saymour, nos encontros da Rua Azuza, 312
(Los Angeles), que o movimento pentecostal se popularizou nos EUA. Desde então,
o movimento pentecostal e carismático tem se espalhado pelo mundo inteiro,
influenciando mesmo as chamadas igrejas históricas, inclusive o catolicismo
romano. Também há relatos de experiências do tipo pentecostal que se
desenvolveram de modo independente na Escandinávia e no Reino Unido.
Doutrinariamente, a ênfase histórica de boa parte do pentecostalismo,
notadamente propagado pelas Assembleias de Deus é o batismo com o Espírito
Santo, tendo como evidência o falar em línguas, sendo uma segunda experiência
após a conversão. Mas mesmo dentro do pentecostalismo e em grupos carismáticos
tal doutrina não é aceita, entendendo-se que se trata de somente mais um dentre
outros dons do Espírito.
Algumas
Controvérsias envolvendo a doutrina
acerca do Espírito Santo
- É Deus?
Ou uma emanação do próprio Deus?
- Tem pessoalidade?
Ou é somente uma força, uma energia?
- É
Criador, juntamente com o Pai e o Filho, ou somente uma criatura?
- Procede
somente do Pai, ou procede do Pai e do Filho?
- Ele
convence “irresistivelmente” do pecado, da justiça e do juízo, realizando a
regeneração, ou pode ser resistido?
- Os dons
extraordinários como o de falar em línguas, curas milagrosas, e profecia, foram
para um tempo específico, ou existem até os dias atuais?
- Somente
os que falam em línguas são batizados com (ou no) Espírito Santo, ou o batismo
é uma realidade na vida de todos os crentes?
- Os dons
devem ser buscados e pedidos ao Espírito, ou não se deve busca-los, tendo em
vista ser um ato de Sua soberania?
- O Espírito nos leva a
algum tipo de transe, manifestações cúlticas extravagantes, gritos, ou nos
remete à sobriedade, ao domínio próprio e tranquilidade?
BIBLIOGRAFIA
BERKHOF, Louis.
Teologia Sistemática. Campinas: Luz para o Caminho, 1990.
ENNS, Paul. Manual de
Teologia Moody. São Paulo: Editora Batista Regular do Brasil, 2014.
ERICKSON, Millard J.
Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015.
FERGUSON, Sinclair B. O
Espírito Santo. São Paulo: Os Puritanos, 2000.
HORTON, Stanley M. A
doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: Casa
Publicadoras das Assembleias de Deus, 1993.
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