Epístola
de Paulo aos Colossenses
A
cidade – Colossos era uma cidade da Frígia, na província
romana da Ásia, situada na margem sul do rio Lico, um afluente do Meandro,
cerca de 160 Km de Éfeso.
Próxima às cidades de
Hierápolis e Laodicéia (Col 4.13), e menor e menos importante que ambas no
período romano. Hoje não existe mais.
Religião
– os frígios adoravam a deusa Cibele, a “deusa-mãe da terra”. Deusa das
estações e da fertilidade. Realizavam automutilações e misticismo ascético.
Eram também sincretistas, e assimilavam as divindades dos estrangeiros, como
Isis e Osíris (egípcios), Dionísio (grego), Apolo (grego), Eleusiniano (grego),
Mitra (indo-iraniana), Astarte (fenícia), e veneravam o imperador romano. Mesmo
os judeus eram sincréticos.
A
igreja – estabelecida durante o trabalho de Paulo em Éfeso
(At 19.10). Parece que foi Epafras que começou as igrejas em Hierápolis,
Laodicéia e Colossos (Col 1.7; 4.12). Paulo não conhecia pessoalmente os
colossenses (2.1); mas sim por intermédio de Epafras, Filemon, Onésimo e
Arquipo (Filem 1; Col 4.17).
A igreja parece ter
sido fortemente gentia (1.21; 27; 2.13). O próprio Epafras era gentio
(4.10-11).
Ocasião
e propósito – Paulo estava na prisão, e foi
visitado entre outros, por Epafras e Onésimo. Provavelmente Epafras trouxe
notícias da igreja. Paulo louvou a fé e o amor deles (1.4); reconhece o fruto
de seu trabalho (1.6), elogia sua firmeza em Cristo (2.5), mas no decorrer da
epístola combate diversos erros que poderiam comprometer o evangelho.
Tíquico era o
mensageiro de Paulo, e este escreveu Colossenses, Filemon (para resolver a
situação de Onésimo) e Efésios. Tíquico e Onésimo entregaram tais cartas (Col
4.7-9; Filem 1, 10).
Local
e data – Paulo estava na prisão ao escrever a epístola
(4.3, 10, 18). Boa parte dos estudiosos e escritores patrísticos entendem que
se tratava da prisão em Roma. Há quem diga que possa ser também de Éfeso.
Se foi de Roma,
provavelmente foi escrita antes da remoção de Paulo de sua casa alugada, logo,
antes de Filipenses, sendo cerca de 59 a 60 d. C.
Heresias
em Colossos – colhemos da própria epístola. Parece
ter sido um sincretismo, que combinava elementos judaicos com aspectos da
mitologia e filosofia pagãs, como por exemplo: circuncisão (2.11; 3.11); intelectualismo
e tradição dos homens (2.8); guarda do sábado, prescrições alimentares (2.16);
ascetismo (2.21); culto aos anjos (2.18); falsa cristologia (1.16; 2.10, 15). Há
uma espécie de gnosticismo incipiente.
A maior heresia,
segundo alguns ataca principalmente a concepção acerca de Cristo. A ideia é que
Deus, que é totalmente luz, está afastado do mundo físico, pois esse é mau
(isso é parte de uma teologia grega). Mas Deus está interessado em salvar a
alma dos homens (não o corpo), e para tanto precisa que chegar ao mundo por
vários intermediários, que seriam anjos e potestades). Caberia aos homens obter
favor desses intermediários a fim de barrar o ciclo de reencarnações. Cristo
vem de Deus, e vai deixando com cada um desses intermediários um pouco de sua
autoridade, chegando a terra sem poder. Sua morte prova sua inferioridade a
esses intermediários. No decorrer do estudo da epístola, veremos como Paulo
contra-atacou essas heresias, exaltando a Pessoa do Cristo.
Algo interessante da
qual se pensar é que vivemos em um mundo parecido com o que Paulo conviveu
naquele período. Somos uma sociedade totalmente sincrética do ponto de vista
religioso. As pessoas leem horóscopo, consultam cartas, buscam o conselho dos
espíritos, tentam contato com entes mortos, frequentam as missas (e talvez os
cultos também) em não veem nenhuma contradição nisso tudo. Também estão atrás
de experiências místicas orientais como a meditação transcendental, e praticam
pseudociência com conotações terapêuticas, abusando do linguajar científico
para atrair as pessoas. São muitas as atividades do tipo que fica até difícil
catalogar todas.
Há também uma tendência
atual no sentido de minimizar a importância do que se crê, sendo mais
importante a prática. Embora possa haver alguma verdade nisso, fato é que, se
crermos de forma errada, não estaremos muito mais propensos a ter práticas
também errôneas? Outra coisa também é que os autores do novo testamento não
parecem considerar “o que se crê” como algo sem importância, daí uma epístola
como aos colossenses ter sido escrita.
Que possamos, portanto,
aprender com a pena do apóstolo Paulo e procurar aplicar da melhor forma para
os nossos dias.
Ligação
com Efésios – as duas epístolas têm muitas partes
em comum (ex: Ef 6.21-22 cc Col 4.7-8). Foram escritas na mesma época, e não
poucos entendem que efésios é uma expansão de colossenses.
A epístola aos efésios
foi escrita para ser circular, mais geral, enquanto que colossenses para uma
congregação específica a fim de combater erros específicos.
BIBLIOGRAFIA
CARSON, D.A; MOO, D.J.;
MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento.
São Paulo: Vida Nova, 1997.
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento.
3ª edição. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1989.
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