segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Epístola de Paulo aos Colossenses - Introdução

Epístola de Paulo aos Colossenses

A cidade – Colossos era uma cidade da Frígia, na província romana da Ásia, situada na margem sul do rio Lico, um afluente do Meandro, cerca de 160 Km de Éfeso.

Próxima às cidades de Hierápolis e Laodicéia (Col 4.13), e menor e menos importante que ambas no período romano. Hoje não existe mais.


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Religião – os frígios adoravam a deusa Cibele, a “deusa-mãe da terra”. Deusa das estações e da fertilidade. Realizavam automutilações e misticismo ascético. Eram também sincretistas, e assimilavam as divindades dos estrangeiros, como Isis e Osíris (egípcios), Dionísio (grego), Apolo (grego), Eleusiniano (grego), Mitra (indo-iraniana), Astarte (fenícia), e veneravam o imperador romano. Mesmo os judeus eram sincréticos.

A igreja – estabelecida durante o trabalho de Paulo em Éfeso (At 19.10). Parece que foi Epafras que começou as igrejas em Hierápolis, Laodicéia e Colossos (Col 1.7; 4.12). Paulo não conhecia pessoalmente os colossenses (2.1); mas sim por intermédio de Epafras, Filemon, Onésimo e Arquipo (Filem 1; Col 4.17).
A igreja parece ter sido fortemente gentia (1.21; 27; 2.13). O próprio Epafras era gentio (4.10-11).

Ocasião e propósito – Paulo estava na prisão, e foi visitado entre outros, por Epafras e Onésimo. Provavelmente Epafras trouxe notícias da igreja. Paulo louvou a fé e o amor deles (1.4); reconhece o fruto de seu trabalho (1.6), elogia sua firmeza em Cristo (2.5), mas no decorrer da epístola combate diversos erros que poderiam comprometer o evangelho.

Tíquico era o mensageiro de Paulo, e este escreveu Colossenses, Filemon (para resolver a situação de Onésimo) e Efésios. Tíquico e Onésimo entregaram tais cartas (Col 4.7-9; Filem 1, 10).

Local e data – Paulo estava na prisão ao escrever a epístola (4.3, 10, 18). Boa parte dos estudiosos e escritores patrísticos entendem que se tratava da prisão em Roma. Há quem diga que possa ser também de Éfeso.

Se foi de Roma, provavelmente foi escrita antes da remoção de Paulo de sua casa alugada, logo, antes de Filipenses, sendo cerca de 59 a 60 d. C.

Heresias em Colossos – colhemos da própria epístola. Parece ter sido um sincretismo, que combinava elementos judaicos com aspectos da mitologia e filosofia pagãs, como por exemplo: circuncisão (2.11; 3.11); intelectualismo e tradição dos homens (2.8); guarda do sábado, prescrições alimentares (2.16); ascetismo (2.21); culto aos anjos (2.18); falsa cristologia (1.16; 2.10, 15). Há uma espécie de gnosticismo incipiente.

A maior heresia, segundo alguns ataca principalmente a concepção acerca de Cristo. A ideia é que Deus, que é totalmente luz, está afastado do mundo físico, pois esse é mau (isso é parte de uma teologia grega). Mas Deus está interessado em salvar a alma dos homens (não o corpo), e para tanto precisa que chegar ao mundo por vários intermediários, que seriam anjos e potestades). Caberia aos homens obter favor desses intermediários a fim de barrar o ciclo de reencarnações. Cristo vem de Deus, e vai deixando com cada um desses intermediários um pouco de sua autoridade, chegando a terra sem poder. Sua morte prova sua inferioridade a esses intermediários. No decorrer do estudo da epístola, veremos como Paulo contra-atacou essas heresias, exaltando a Pessoa do Cristo.

Algo interessante da qual se pensar é que vivemos em um mundo parecido com o que Paulo conviveu naquele período. Somos uma sociedade totalmente sincrética do ponto de vista religioso. As pessoas leem horóscopo, consultam cartas, buscam o conselho dos espíritos, tentam contato com entes mortos, frequentam as missas (e talvez os cultos também) em não veem nenhuma contradição nisso tudo. Também estão atrás de experiências místicas orientais como a meditação transcendental, e praticam pseudociência com conotações terapêuticas, abusando do linguajar científico para atrair as pessoas. São muitas as atividades do tipo que fica até difícil catalogar todas.

Há também uma tendência atual no sentido de minimizar a importância do que se crê, sendo mais importante a prática. Embora possa haver alguma verdade nisso, fato é que, se crermos de forma errada, não estaremos muito mais propensos a ter práticas também errôneas? Outra coisa também é que os autores do novo testamento não parecem considerar “o que se crê” como algo sem importância, daí uma epístola como aos colossenses ter sido escrita.

Que possamos, portanto, aprender com a pena do apóstolo Paulo e procurar aplicar da melhor forma para os nossos dias.

Ligação com Efésios – as duas epístolas têm muitas partes em comum (ex: Ef 6.21-22 cc Col 4.7-8). Foram escritas na mesma época, e não poucos entendem que efésios é uma expansão de colossenses.
A epístola aos efésios foi escrita para ser circular, mais geral, enquanto que colossenses para uma congregação específica a fim de combater erros específicos.

BIBLIOGRAFIA

CARSON, D.A; MOO, D.J.; MORRIS, L. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997.
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. 3ª edição. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1989.

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