1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente
com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita
de Deus.
É como se Paulo dissesse: “se vocês foram mesmo
ressuscitados com Cristo”, ou seja, se é mesmo verdade que vocês agora são do
Senhor. Denota uma ênfase prática a partir daqui. Os cristãos já são
ressuscitados em Cristo, pois estavam mortos, mas agora nasceram de novo.
Buscar as coisas lá do alto. Que coisas? É talvez
uma forma de dizer que devemos viver conforme os valores de Deus. Passamos a
reconhecer que nosso foco não é mais o que é terreno, mas sim o que é
celestial. Buscar tem a ver com esforço imenso.
Cristo assentado à direita de Deus: o próprio Jesus
ressuscitou, ascendeu e exerce autoridade, ao lado de Deus Pai. Saber que Jesus
está ao lado do Pai é fonte de grande consolo para os cristãos, pois mesmo em
meio a todas as lutas, sabemos que a vitória será certa.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são
aqui da terra;
Paulo havia dito para “buscar” as coisas
do alto; agora diz também para “pensar” nas coisas do alto. Ou seja, só podemos
buscar algo relativo àquilo que estivermos pensando.
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta
juntamente com Cristo, em Deus.
Se ressuscitamos, significa que também já morremos.
O nosso velho homem morreu, e agora vive o novo, renascido em Cristo. É
afirmado como uma realidade. Paulo em seus escritos sempre dá grande ênfase à
conversão, transformação da pessoa.
Ter a vida oculta significa tremenda segurança em
Cristo, fonte de toda a nossa vida, vida essa que já foi revelada, mas não
ainda totalmente. É uma vida “conectada” com Cristo e em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se
manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória.
Cristo se manifestará na sua segunda vinda, e nós
seremos manifestos com ele. Parece haver uma ênfase em um tipo de manifestação
pública. Cristo se manifestará em seu poder e sua glória. Ficará manifesto a
todos que os crentes pertencem a Jesus, embora isso possa estar, em algum
sentido, oculto. Nossa manifestação em glória também tem a ver com sermos
imediatamente transformados na
manifestação do Senhor.
5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena:
prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é
idolatria;
É um paradoxo, pois, se já morremos, porque
precisamos “fazer morrer”. É como se Paulo dissesse: mate aquilo que morto já
está. É o que talvez alguns chamem de o “já” e o “ainda não” que caracteriza um
pouco da nossa existência. No que se refere à nossa justificação, nós já
morremos em Cristo. Já fomos mortos e ressuscitados em Cristo, e portanto, não
há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus. Mas no que se concerne
à santificação, esta é progressiva, vivida e conquistada no dia a dia. Por
isso, precisamos fazer morrer, a cada dia, a nossa natureza terrena. A busca
constante da santificação aponta para a nossa justificação. Fazer morrer quer
dizer “exterminar”, algo feito com profunda radicalidade.
Prostituição, impureza, paixão lasciva e desejo
maligno estão ligadas às perversões de caráter sexual, tão comum no mundo
gentílico de então. Avareza, ao que parece, ligado ao excessivo apego às coisas
materiais, mas há quem argumente que seja ainda algo de natureza sexual, ou
ligado a extrema autossatisfação, o que denota idolatria do próprio ego.
6 por estas coisas é que vem a ira de Deus
[sobre os filhos da desobediência].
A pratica dessas coisas mencionadas é como um imã
que atrai a ira de Deus, ou seja, sua justa desaprovação a tais atos.
7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós
também, noutro tempo, quando vivíeis nelas.
São coisas que pertenciam ao passado de alguns.
“Andar” tem a ver com o comportamento. “Viver” tem a ver com disposição.
8 Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de
tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso
falar.
Agora são mencionadas uma série de explosões
emocionais que devem ser evitadas, algo que começa no interior “ira” e vai se
manifestando em atos. “Despojar” é uma linguagem figurativa, que denota algo
como tirar uma roupa velha.
9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos
despistes do velho homem com os seus feitos
A mentira e um mundo de aparências
rodeava o mundo gentílico, como de fato, parece ocorrer até nos dias atuais.
Isso tudo são ações do velho homem.
10 e vos revestistes do novo homem que se refaz
para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
No momento da nossa regeneração, nós nos revestimos
do novo homem. E esse se refaz (ideia de progresso) para o pleno conhecimento.
Crescer nessa graça é, portanto, crescer em conhecimento, “segundo a imagem
daquele que o criou”, ou seja, segundo a imagem de Deus. Esse é o progresso no
qual nos encontramos. E isso está acima de qualquer outro conhecimento
exotérico que alguém possa alegar possuir. É conhecimento intelectual e
relacional.
11 no qual não pode haver grego nem judeu,
circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é
tudo em todos.
No evangelho não pode haver nenhuma
classificação quanto á etnia, religião, cultura, e social. Cristo veio para
destruir todas essas barreiras, ainda que persistam na sociedade. A graça é uma
ponte que une tudo isso.
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